sexta-feira, 2 de maio de 2008

Mais fotografias ...

Ver mais fotografias, de antigas actividades da Active Outdoors e de viagens por Portugal, Espanha e ... outros lugares, em:

http://foto-flash.com/ver_albuns_publicos.asp?Autor=active

domingo, 27 de abril de 2008

Relatos e fotografias de paisagens

Este Blog está dedicado à descrição de alguns lugares que visitei em viagem, bem como à publicação de algumas das minhas melhores fotografias de paisagens. Alguns dos artigos que seguem, ou parte deles, foram editados em revistas portuguesas.

Outros relatos e historias de viagens odem ser seguidos em:

http://viagenseaventurasl.blogspot.com (l = L minusc.) dedicado a aventuras em Montanha

http://viagenseaventuras3.blogspot.com dedicado a viagens na Patagónia

http://viagenseaventuras4.blogspot.com dedicado à minha viagem de Volta ao Mundo …

Outros projectos relativos a viagens de aventura,, que tenho em mãos, podem ser seguidos em:

http://travessiaoceanica.blogspot.com

http://icecare.blogspot.com

www.everest2009.es

Os tesouros de uma cidade paisagem

Quando o viajante chega a Cuenca percebe imediatamente uma singularidade, algo que a torna realmente unica: a simbiose perfeita da arquitectura com a paisagem.

Qualificada como uma cidade/paisagem das mais formosas e supreendentes do mundo, Cuenca apresenta duas estruturas urbanas claramente diferenciadas. O nucleo fundamental e histórico é o que se constitui no alto rochoso que desce da encosta de San Cristóbal e que é rodeado pelos rios Júcar e Huécar. Sobre esta estrutura arriscada e pedregosa se foi configurando a partir do século X, um entranhado de ruelas e praças, de reduzidas dimensões e configuração anárquica. Obrigados, por causa da natureza e das circunstancias bélicas, a viver num reduzido espaço de terreno, os conquenses (naturais de Cuenca) medievais foram construindo as suas casas à força de imaginação e habilidade e assim deram forma a uma cidade estranha e atractiva que hoje se pode adivinhar através das multiplas transformações sofridas ao longo dos séculos.

Cuenca, património do mundo

Cuenca é uma das mais antigas cidades de 'Castilla'. Encontra-se situada prácticamente no centro de Espanha, na falda do Sistema Ibérico e a escassa distancia dos montes de Toledo. Estas circunstancias definem o carácter estrictamente serrano da cidade - a praça Maior, na parte antiga, está a 999 metros de altitude e o castelo a 1300 -. Declarada cidade por privilégio concedido pelo rei Alfonso X o sábio, recebeu de diversos reis, ao longo dos séculos, os titulos honorificos de 'Muy Noble', 'Muy Leal' e 'Heroica', entre outros.

Pese embora as mudanças impostas pelas sucessivas modernidades, a cidade mantêm ainda uma herança das suas origens que conserva com moderado respeito. Apenas nada sobra dos tempos muçulmanos, quando verdadeiramente surgiu Cuenca, então uma pequena urbe, encerrada nos limites do castelo. O seu desenvolvimento urbanistico, até à actual configuração, iniciou-se com a conquista cristã realizada por Afonso VIII em 1177. O crescimento da cidade e a limitação de espaço obrigou os conquenses mediavais a usar a imaginação na construção de casas, utilizando todo o espaço disponivel e, quando este acabava, fazendo cavalgar uns pisos sobre outros. Quando se chega à beira dos percipicios, as casas extendem-se o mesmo para cima que para baixo (com escavações na rocha), numa peculiar adaptação da arquitectura à natureza. Só em meados do século XIX, os conquenses se decidem a dar o salto definitivo para o outro lado do rio Huécar e das muralhas de protecção, em direcção à planicie.

Cidade capital de Castilla - La Mancha, comunidade toda ela, aliás, agraciada com inumeras belezas naturais, Cuenca não é só o 'casco antiguo', onde encontramos o Museu Arqueológico, o Museu de Arte Abstracta, o Museu Diocesano (o Museu Zavala fica na parte nova da cidade), os restos do Castelo Antigo, com a sua magnifica torre quadrada muçulmana, a casa da Inquisição (hoje arquivo provincial), o convento das Carmelitas (hoje Universidade e Museu de Electrografia), as brasonadas casas-palácio de San Pedro, a catedral Gótico-Castelhano (a que chamam de 'dama branca'), a igreja de San Miguel, o santuário das Angustias, o convento de San Pablo (hojeParador de Turismo), o bairro de San Martin ou as casas 'colgadas' (casas em cima das rochas sobre as falésias), verdadeiro ex-libris da cidade.

Cuenca, é tambem o que lhe está em redor. A designada Serrania de Cuenca (recorde-se que o território municipal de Cuenca, um dos maiores de Espanha, ocupa uma extenção de 945,6 quilómetros quadrados) engloba e é complementada por uma série de aldeias e lugares que formam um conjunto fabuloso. Senão vejamos: num raio de 35 km podemos visitar lugares de absoluta excepção como a janela do Diabo (sobre os canyons do rio Júcar), Las Majadas e a Cidade Encantada (a norte), as 'Torcas de Palancares' e as lagoas de 'Cañada del Hoyo' (a Oeste), verdadeiros fenómenos geológicos. Se alargarmos o raio a 60 km, então ...

A Cidade Encantada

Por vezes confundida com a própria cidade de Cuenca, a 'ciudad encantada' é uma formação cársica erosionada pela chuva, formando multiplas figuras caprichosas, e situa-se a cerca de 20 km a norte da primeira. Hoje transformada em local de visitas turisticas, dentro de uma área considerávelmente extensa e vedada. Pagam-se 200 pesetas para entrar num percurso, por vezes assinalado, que leva cerca de uma hora a percorrer. E compensa ! Começamos por ver uma série de rochedos que fazem lembrar coisas reais e que têm nomes como: os navios, o cão, a cara de homem, a foca, os sentinelas, o teatro, a tartaruga, a luta do elefante e do crocodilo ... O primeiro a saltar à vista e simbolo da 'ciudad encantada' é 'el tormo alto', que lembra um menir invertido.

Após passar por muitas destas formações deslumbrantes, chegamos ao 'mar de pedra' (vista de cima do conjunto rochoso), então julgamos que chegámos ao fim e que vimos tudo o que havia para ver. Mas logo a natureza nos brinda com outra e mais outra formação curiosa ou bizarra.

Fenómenos Geológicos

Um pouco mais a norte da Cidade Encantada encontramos 'Las Majadas'. Um conjunto curioso de formações rochosas, com a mesma origem da primeira, que formam complexos labirintos.

As Torcas, a cerca de 30 km de Cuenca na direcção Este, representam novos caprichos da natureza, de espectacular beleza. São um fenómeno geológico curioso com resultados impressionantes. Aconteceram desde o ultimo recuo do mar Mediterraneo, à cerca de 80 milhões de anos. As linhas de drenagem favoreceram a dissolução da rocha, permitindo o desprendimento do terreno. Assim se formara estas covas redondas e fundas - a mais extensa é a Torca Larga com 1,27 ha de superficie -, dentro das quais se desenvolve uma vegetação rica e variada.

As lagoas de Cañada del Hoyo, um pouco mais adiante, procedem do mesmo fenómeno, só que neste caso os afundamentos atingiram os niveis freáticos. Os complexos processos físico-quimicos e biológicos que ali se produzem condicionam as variações de cor que ocorrem nas águas das lagoas e que vão de branco leitoso à completa transparência.

Guia do Viajante

- Localização: a Sudeste de Madrid, a 165 km pela estrada E901 / NIII de Madrid até Tarancón e depois pela N400 até Cuenca;

- Gastronomia: não deixe de experimentar alguns pratos e doces tipicos como: Zarajos; Migas rulleras; Gazpacho pastor; Hongos a la plancha; Alajú; Pellizcos de monja; Pestiños

- Festas da cidade de Cuenca: 21 de Setembro, festeja-se a reconquista da cidade e há largadas de 'vaquinhas'

- Oficina Municipal de Turismo: Calle de San Pedro 6; Tel.: 966 232119

- A viagem anual “Trans-Espanha Aventura” da Active Outdoors (active.outdoors@clix.pt) atravessa esta cidade, onde, alem da visita cultural, proporciona a oportunidade de fazer canyoning.

Texto e Fotografias

José Tavares

Os Canyons de Guara

A descida de canyons é a actividade de turismo activo e aventura que mais se tem vindo a impôr nos ultimos anos, e não lhe faltam motivos. A maioria dos lugares onde se pratica são paragens de grande beleza, geralmente de natureza selvagem e pura, onde o aspecto lúdico, num mundo de sensações inéditas, compensa de sobra o esforço fisico.

O Parque Natural da Sierra e Canyons de Guara, na provincia de Huesca, região dos mais belos canyons da Europa, é por excelência ideal para a prática desta actividade.

Provincia de Huesca

A Provincia de Huesca, a mais setentrional de Aragão, tem uma extensão de 15.616 quilómetros quadrados e uma população de 220.000 habitantes aproximadamente. De norte para sul destacam-se: os Pirinéus, que ocupam a maior parte do norte de Huesca com uma cota máxima de 3.404 m. (pico Aneto) e inumeros outros picos acima dos 3.000 metros de altitude; a Depressão Média e Serras Exteriores, onde a erosão fluvial de rios criou vales magnificos; a Depressão do Ebro, que compreende numerosas planicies de terras multicoloridas.

Huesca, a capital da Provincia com o mesmo nome, está por sua vez limitada a norte pelas Serras de Gratal, Gabardiella e Guara, e a sul pelas planicies de Tardienta e Grañen. A sua população é de 42.214 habitantes e a cidade é o principal centro das actividades administrativas, o que contrasta com as actividades do resto do vale - agricultura e criação de gado essencialmente.

A capital do alto Aragão foi em tempos uma acrópole ibero-romana, mas tambem uma importante cidade-etapa na rede viária romana; cidade-mercado nos tempos de paz que se seguiram à reconquista cristã e capital de provincia nos ultimos dois séculos.

A Serra de Guara

Poucos quilómetros a nordeste da cidade de Huesca, no Pirinéu Oscence, situa-se o Parque Natural da Serra e Canyons de Guara, declarado como tal a 27 de Dezembro de 1990 pela Comunidade Autónoma de Aragão e nada melhor que este local para nos iniciarmos no 'canyoning'.

O parque com uma area de 81.350 Hectares foi criado com o objectivo de procurar conservar os multiplos valores de um espaço singular e sugestivo. Aqui encontramos um terrritório ecológico que a natureza modelou pacientemente ao longo dos séculos e que o homem aproveitou e disfrutou desde as suas origens. O seu espaço geográfico, constituido pelas serras de Sevil, Balcés, Arangol, Gabardiella e Guara, com o seu ponto mais alto a 2.077 metros (Tozal ou Penha de Guara), caracteriza-se pela beleza e espectacularidade das suas paisagens, fruto de uma complexa estrutura geológica e processos de erosão que se manifestam num conjunto de redes hidrográficas de 'canyons', barrancos, fossas e gargantas; comunidades vegetais e animais notórias, com destaque para as aves de rapina - a águia real, o falcão peregrino, o bufo real e o abutre podem ser vistos de perto - e com presença de espécies endemicas; e a somar aos valores naturais, uma abundancia de paragens de valor histórico e cultural, de dolmens e pinturas rupestres e de uma interessante arquitectura popular.

Canyoning

A Serra de Guara com aproximadamente 70 canyons praticáveis, converteu-se no lugar ideal para a pra´tica do 'canyoning'. Os rios Fulmen, Vero, Alcanadre, Formiga, Mascún, Balcés, Calcón e Isuala que a atravessam de Norte a Sul, escavaram estreitas gargantas e profundas ravinas e barrancos com paredes verticais que, por vezes, alcançam os 200 metros de altura impedindo quase totalmente a passagem dos raios solares. Outras vezes os rios despenham-se numa sucessão de cascatas, tornando necessário o rapel para a sua descida, ou formam enormes 'piscinas' que se deverão atravessar a nado.

As empresas especializadas tornam-se, pois, imprescindiveis para defrontar a aventura, já que para além do conhecimento exaustivo do terreno, proporcionam o equipamento técnico necessário como cordas, arneses, fatos de neoprene se for caso disso, bidons estanques para a comida, etc.

Na Serra de Guara as águas provêm de lençois subterraneos pelo que o caudal que corre pelos canyons não é tão frio como o dos canyons dos Pirinéus com água proveniente dos degelos. De qualquer modo, uma tromba de água local ou uma chuva num ponto aparentemente longe de onde nos encontramos, pode incrementar a água que corre nos canyons até torná-los temporáriamente impraticáveis ou, se nos apanha em plena descida, causar momentos criticos ...

Por isso repetimos que o recurso a guias é imprescindivel.

Os canyons praticáveis são imensos, a sua duração vai de uma a onze horas e o seu nivel técnico pode ser baixo, médio ou elevado. Os mais conhecidos são: o Mascún inferior, o Mascún superior, o Canyon de Balces, o Gorgas negras - um dos mais dificeis - o Oscuros de Balces, os Estreitos de Balces. Os mais frequentados são: o Balces superior com um nivel técnico baixo e uma duração de 10 horas - largo, solitário, fácil, majestoso, com belissimas piscinas. A sua singularidade com uma riqueza botanica e zoológica extraordinária dá a sensação de estarmos a explorar um ecosistema fantástico e irreal; o canyon do rio Vero com um nivel técnico baixo e uma duração de 6 horas - é o mais conhecido, pela magnificiência das suas numerosas covas com o testemunho em forma de pinturas rupestres dos nossos antepassados pré-históricos.

Guia do Viajante

Onde

A Serra de Guara está localizada a nordeste da cidade de Huesca, na provincia com o mesmo nome - Comunidade de Aragão, norte de Espanha -. O melhor acesso faz-se pela estrada 341 a cerca de 30 Km de Huesca pela estrada N240 - direcção Lérida.

Como ir

De avião até Saragoça, Barcelona ou Pau (em França). De carro, a 1h30 de Saragoça, 4h30 de Madrid, 3h30 de Barcelona, 2h30 de França e a cerca de 1.000 km de Lisboa. Existem ligações de autocarro de Lisboa para Saragoça e de Madrid e Saragoça para Huesca. De Huesca para Guara é necessário tomar um taxi (cerca de 50 Km).

Quando ir

A melhor época para praticar o canyoning são os meses de Maio, Junho e Julho, quando e tempo está mais quente e há ainda bastante água. As festas populares da cidade de Huesca - Festas de San Lorenzo - decorrem de 9 a 15 de Agosto.

Alojamento

Em Huesca existem diversas opções desde Hoteis a Pensões e Campings mas para uma actividade de natureza o melhor é optar pelos campings das empresas de guias que ficam no meio da Serra. Além disso alguns programas de vários dias incluem dormidas em bivac em pontos diferentes pelo caminho; As tarifas de camping vão de 800 pesetas por dormida a 3.800 pesetas com pensão completa por pessoa. Os programas podem ser de dois dias a uma semana (custando desde 18.000 pesetas a 68.000 pesetas com pensão completa e diversas actividades de aventura incluído).

Visitar

Em Huesca - Monumentos históricos: Templo paroquial de San Pedro el Viejo (romano); Claustros (sec. XII); Igreja de S. Lorenço (barroco); Ajuntamento ou Camara Municipal; Catedral (gótico); Palacio Municipal; Igreja de S. Miguel (romano e gótico); Ermidas de Salas, Cillas e Loreto; - Museus: Museu arqueológico provincial; Museu Diocesano; Museu Episcopal e Capitular de arqueologia sagrada (na Catedral) Museu pedagógico da pesca.

Gastronomia

A especialidade da região é o cordeiro, cozinhado de diversas maneiras. Os enchidos são famosos. Em Huesca não deixe de provar a doçaria.

Texto e Fotografia

Carlos Alcubilla (guia de canyoning)

José Tavares (Clube Expedição)

OKTOBERFEST EM MUNIQUE

Parte deste artigo foi publicado na revista: Volta ao Mundo - ‘uma vez na vida’

A maior festa popular do mundo

Em Munique celebram-se todos os anos as “festas de Outubro” (Oktoberfest) ou festas da cerveja. Em 1995 acolheram um numero recorde de visitantes: 6 milhões de pessoas, vindas de todo o mundo.

As festas celebradas pela primeira vez em 1810 por ocasião do casamento do principe Ludwig com a princesa Therese, realizam-se na realidade nas duas ultimas semanas de Setembro. Interrompidas, desde então, apenas 24 vezes por motivo das epidemias do século XIX e pelas guerras mundiais, a realização das festas da cerveja, este ano na sua 162a. edição, continua a celebrar-se com todas as caracteristicas que, no melhor da sua tradição, lhes deram a fama que têm e que ainda hoje não pára de ultrapassar novas fronteiras - a julgar pela origem e numero de visitantes que em 1995 alcançou um record que já não era batido desde 1990.

O movimento, a alegria, as cores e cheiros enchem por completo a capital da Baviera durante aquelas duas semanas. O centro da cidade enche-se não só de turistas estrangeiros, sobretudo italianos e americanos e Japoneses (os mais recentes a aderir em massa aos festejos), mas tambem de alemães vindos de todo a país, muitos dos quais são verdadeiros “habitués”. Por volta das 3 horas da tarde, no entanto, a multidão converge para um unico local, como que numa curta peregrinação em busca do ‘Deus da cerveja’. O palco dos acontecimentos, não longe do centro, é 'Wiesn' e pode assemelhar-se a uma feira popular gigante (se comparada à de Lisboa) onde para alem de estarem sempre presentes as ultimas novidades em carróceis , estão tambem representados os principais produtores de cerveja (Brauerei) do 'estado livre' de Baiern (Freistadt Bayern). Entre as marcas mais conhecidos estão, por exemplo, a Löwenbräu a Paulaner e Augustiner (esta a mais antiga, a produzir desde 1328), mas todas elas organizadas no seu enorme pavilhão próprio com capacidade para mais de 6.000 pessoas. É nestes pavilhões que a festa aquece. Cada qual têm a sua banda de musica que, sempre muito activa, toca temas populares pondo toda a gente a cantar e a baloiçar de um lado para o outro, de braço dado, por vezes em cima das mesas, com a caneca no ar. Em cada intervalo canta-se em uníssono “ein Prosit der Gemütlichkeit” (um brinde ao aconchego ou comodidade). E assim, entre muitas ‘litradas’ de cerveja e salsichas brancas (Weisswürsten) com mustarda, se fazem muitos ‘amigos’. Cada vez que alguem bebe, a sua caneca estala contra as de todas as pessoas daquela mesa, por vezes das mesas vizinhas, e todos devem beber tambem.

Não obstante a capacidade de cada pavilhão, por volta das 20 horas todos fecham por sobre-lotação. E nem há sequer o minimo de reacção ao aumento do preço da cerveja, que atingiu tambem novo recorde: 10 Marcos a caneca de litro (cerca de 1.000$00). Pelo contrário, o consumo subio 15% em relação ao ano anterior. Muitos ficam à porta a tentar entrar, mas sem perder o animo, pois por volta das 22h30 as portas reabrem à medida que outros vão saíndo. É que o alemão começa cedo a festa e vái cedo para casa. Ás 24 horas pára tudo.

Mas no dia seguinte há mais. A familia inteira passeia-se pelo recinto da feira, completamente seduzida pela oferta de doces e sobretudo de rifas, fazendo a felicidade dos 690 feirantes ali expostos.

Só no dia de abertura mais de 100.000 pessoas enchiam o recinto de Wiesn (mais de 1 Milhão passaram por lá no primeiro fim-de-semana) e a Cruz Vermelha registou 193 acidentes, dos quais 45 obrigaram a hospitalização e 20 tiveram por causa o álcool.

Este ano levantou-se a questão da segurança nos novos carróceis que cada vez trazem mais velocidade à fantasia. É que pela primeira vez e no mais novo carrocel (“Roll-Over”), jóia ali estreada que custou qualquer coisa como 30.000 contos, caíu no solo um cidadão inglês enquanto a ‘caranguejola mecanica’ efectuava um ‘looping’. O ferido, que até era policia, ficou em estado grave.

Mas, nada esmorece a homenagem que os cidadãos de Bayern prestam à cerveja. Nem o aumento dos preços, nem a redução de visitantes que se verificara desde 1990, nem a nova concorrência oferecida pela alternativa de ‘Stuttgart’. As festas da cerveja de Cannstatter Wasen em Estugarda recebem já um numero de visitantes significativamente elevado, e têm vindo a ganhar fama no país e no estrangeiro. Estas realizam-se, por sua vez, nas duas primeiras semanas de Outubro e embora já quase tão populares como as festas de Bayern há quem diga que as verdadeiras são as originais: “die Münchener Oktoberfest”

Textos e Fotos

José Tavares

‘SAN-FERMINES’ EM PAMPLONA

Capital Mundial da Alegria por 9 dias

Navarra cheira a festas em Julho e Pamplona, a capital da provincia, tal como no 'Caminho de Santiago de Compostela', é a primeira, neste caso a festejar o seu santo protector.

"O mundo põe o lenço vermelho". Esta frase do escritor Mariano Prado Monteiro traduz a sensação do visitante que chega a Pamplona pela primeira vez a 6 de Julho e vê toda a gente (literalmente) com o traje tradicional dos 'San Fermines': camisa e calças brancas, 'pañuelo' (lenço), ao pescoço, e 'faja' (faixa), à cintura, vermelhos.

A cidade recebe milhares de visitantes dos 4 cantos da Terra. Transforma-se, fervilha de excitação. Vivem-se 204 horas 'non stop' a um ritmo alucinante. Musica de fanfarras, danças, corridas de touros, fogo de artificio, comidas e ... muito alcoól, 24 sobre 24 horas, não deixam a cidade adormecer.

A fama dos 'San Fermines' já vem de há muitos anos . Em 1926 Ernest Hemingway depois de assistir ás festas, inspirou-se e deu-as a conhecer ao mundo ao escrever o seu primeixccbo 'best seller' "The sun also raises" (O sol tambem nasce) ou 'Fiesta' na tradução espanhola.

Pamplona, Iruña em Basco, foi fundada em 74 a.C. pelo general romano Pompeo sobre uma aldeia basca de nome Navarria. Do santo, patrono da cidade e de toda a Navarra, San Fermin, em homenagem de quem se celebram as festas, não se sabe de nada até finais do século XII. Sabe-se sim que um tal Pedro de Artajana, ao estudar em Paris, soube da existência de um bispo enterrado em Amiens que alem de ser santo e de se chamar Fermin, era de Pamplona. O começo das procissões de San Fermin é atribuido ao mesmo ano em que o dito estudante trouxe a primeira reliquia do mártir em 1187, iniciando aí o culto do patrono. É no final do século XVI que se fundem os três pilares básicos que configuram os 'sanfermines' modernos: as celebrações religiosas em honra do patrono, a feira do gado e as corridas de touros. Inicialmente celebrados a 10 de Outubro, os actos religiosos comemorativos de San Fermin foram transferidos em 1591, por motivos climatéricos, para o dia 7 de Julho, passando práticamente a coincidir com as feiras do gado e festejos taurinos a 24 de Junho (e que duravam 20 dias).

Estes festejos singulares em honra do santo, celebram-se em Pamplona entre 6 e 14 de Julho e caracterizam-se por um fluxo ininterrupto de multidão em 'zarabanda' que combinam o religioso com o profano, o oficial com o popular, a ordem com a subversão. As 204 horas que medeiam entre o disparo do "chupinazo" (foguete anunciador do inicio dos 'sanfermines') e o "Pobre de Mi" (acto que dá as festas por concluidas), foram analizadas, escritas e contadas como nenhuma outra festa. Felizmente os sanfermines são inesgotáveis e neles se destacam uma série de actos, estabelecidos por uma longa tradição, que se celebram de uma forma ritual. (A data tem um sentido especial e irrepetivel até 365 dias depois e é tão esperada pelos habitantes de Navarra como o 'carnaval pelos brasileiros'. Ouve-se na própria musica cantada no final das festas: "Pobre de mí, que han 'acabau' las fiestas de San Fermin", e nos dias seguintes as pessoas exclamam pelas ruas: "Ya falta menos p'al glorioso San Fermin".)

Daqueles actos, que não cabe aqui descrever exaustivamente, o "chupinazo" e a cerimónia das vésperas ("visperas") iniciam as celebrações no dia 6, mas aquele que constitui o ponto alto e simbolo por excelência das festividades tem inicio no dia 7 - é o "encierro" ou largada de touros. Seis touros bravos e seis mansos são largados do curral, após o sinal do foguete, ás 8h00 em ponto. Estes, assustados, percorrem as ruas cercadas de Santo Domingo e Estafeta até à praça de touros. Os cerca de 800 metros do trajecto são percorridos pelos touros bravos, entre uma multidão de pessoas aos berros, em dois a cinco minutos. Pelo caminho, que parece mais longo, muita coisa pode acontecer. E acontece!!!

(Logo apartir do primeiro dia assiste-se a um constante movimento de multidões em busca dos muitos eventos que se vão realizando em diferentes pontos da cidade.) A população de Pamplona, de cerca de 200 000 habitantes, passa a mais de 1 milhão na semana das festas. Todos os hoteis, pensões e parques de campismo num raio de 50 km em redor da cidade estão a 100% ocupados. Apartir da longa noite do dia 6 e do primeiro 'encierro', alguns parques e praças da cidade, nomeadamente a "Plaza del Castillo", transformam-se em parques de campismo naturais, pejados de corpos jovens a recuperar forças debaixo do sol da tarde, na relva ou na calçada. Ao fim da tarde inicia-se novo movimento em busca de festa: corridas de touros, jogos tradicionais, desfiles, bandas e fanfarras que ao escurecer percorrem as ruas estreitas da parte antiga da cidade, seguidas por multidões em euforia que vão saltitando de bar em bar (cada qual com o seu tipo de musica e ambiente). Este movimento prolonga-se até de madrugada. Pelas 5h30 já se podem comprar os jornais do dia (três) com as melhores fotos, estatisicas e comentários ao 'encierro' do dia anterior. Os mais aplicados começam então a tomar posições para a largada ás 8h00, enquanto discutem sobre os feridos do dia anterior. (Entretanto pelas 4 da madrugada já entrou em acção uma empresa contratada para as limpezas com 130 pessoas que tentam disfarçar a loucura do dia e embora não disperssem o cheiro a cerveja, urina e vómitos, conseguem dar um novo 'ar'à parte antiga da cidade e sobretudo ao percurso do 'encierro'. (Estas brigadas fazem ainda um segundo 'raide' por dia, cerca das15h00, mas o primeiro turno é sem duvida mais dificil pois é necessário remover e lidar com os bêbados que abundam nas ruas.) Entre os alcoolizados muitos são anglófonos que no decorrer da noite fazem um 'jogo' muito particular que consta de trepar a uma estátua e dali saltar para cima da multidão. Daqui resulta para estes o recorde de feridos graves.)

Curiosa é a dificuldade de encontrar portugueses. Talvez porque em Portugal os meses de Maio e Junho estão carregados de festas populares !?? Mas, como sentenciou o académico granadino Jacinto de Aguilar y Prado há um século atrás (1893), "Quem não foi ao San Fermin não sabe o que é divertir-se".

Estatisticas curiosas:

- nº de feridos graves nos 'encierros' desde 1990: 17

- nº de feridos graves de origem anglófona nos 'encierros' desde 1990: 7 dos quais 4 americanos

- nº de feridos graves nos 'encierros' em 1995: 6

- nº de feridos graves de origem anglófona nos 'encierros' em 1995: 2

- nº de feridos ligeiros nos 'encierros' em 1995: 53

- nº de mortos em 1995: 3

- causas: cornada de touro (1 americano); quedas (1 australiano e 1ª nova zelandeza)

- nº de feridos totais no dia 10 de Julho de 1995: 104

- causas: 31 por embriaguês; 28 por quedas; 11 por cortes ...

- percentagem de estrangeiros nas festas de San Fermin em 1995: 50%

- nº de quartos de hotel em Pamplona em 1995: 1258

- pecentagem de ocupação: 100%

- inflacção nos preços das dormidas na semana das festas: 90%

- inflacção nos preços dos bilhetes para as corridas de touros: 400%

- peso minimo e máximo dos touros bravos nos 'encierros'em 1995: 500/665 kg

- distancia do 'encierro': 800 metros

- tempo do touro mais rápido a percorrer o 'encierro' em 1995: 2 minutos

- velocidade média dos touros bravos em 1995: 20 km/hora

- nº de atrasos na partida dos 'encierros': 1

- data/tempo/causa do atraso: 9 de Julho de 1995/ 5 minutos/ limpezas

- nº de pessoas encarregadas das limpezas da cidade em 1995: 130

- litros de água utilizados nas limpezas em 1995: 400 000

- toneladas de lixo recolhidas nos primeiros 5 dias de 1994 e 1995: 356 / 376 ton.

- toneladas de vidro recolhidas nos primeiros 5 dias de 1994 e 1995: 91 / 101 ton.

(Guia do viajante:

- como ir:

Lisboa-Guarda-Salamanca-Valladolid-Burgos-Vitoria-Pamplona são cerca de 970 km;

Lisboa-Madrid-Soria-Logroño-Pamplona são cerca de 1000 km;

Existem ligações ferroviárias e de autocarros de Vitoria e Zaragoza e ligações de Madrid para estas cidades.

- locais e monumentos de interesse historico-artistico: a 'Plaza del Castillo', o coração da vida citadina; a Catedral, na parte alta, cuja fachada neoclássica esconde um dos claustros góticos mais ricos da Europa; as igrejas de San Saturnino e San Nicolás, ambas construidas no século XIII; a Casa Consistorial (camara municipal), com fachada do século XVIII; a cidadela e as muralhas da cidade; o Palácio de Navarra; o Museu de Navarra; os parques e jardins entre outros.

- comidas: touro estufado, cozinhado durante cinco horas com vinho tinto de Navarra e batatas; chouriço de Pmplona; 'ajoarriero', bacalhau seco guisado com alho, cebola, tomate e pimento; 'marmitako', atum guisado com batatas, tomate e pimentos verdes ...)

Informações:

- Turismo de Navarra - 31002 Pamplona - Duque de Ahumada, 3

Texto e Fotografias / José Tavares

BALÕES DE AR QUENTE NA CIDADE DO OURO

Parte deste artigo foi publicado na revista: Volta ao Mundo

Pforzheim, “Goldstadt an der Schwarzwald-Pforte” - Cidade do Ouro à porta da Floresta Negra -, assim é conhecida esta pequena cidade de cerca de 115 000 habitantes situada a norte da provincia de Baden-Wurtenberg. Famosa depois do final da segunda grande guerra pela sua florescente industria de ourivesaria e relojoaria tem entre outras particularidades, a de receber desde há 10 anos a prova internacional - “German Cup”- de balões de ar quente. A prova que se realiza sempre em Setembro tem permitido a Pforzheim afirmar-se como a capital alemã daquele desporto, estatuto que anteriormente pertência à conhecida cidade das termas e casinos: Baden Baden.

As corridas de balões

Nos três dias da competição os céus da cidade enchem-se de côr e alegria, e milhares de espectadores deslocam-se para os campos relvados dos arredores, não só para assistir à largada daqueles insufláveis gigantes mas tambem para saborear todo o movimento festivo que rodeia o acontecimento.

Em 1995 participaram na corrida 44 concorrentes, na sua maioria alemães, mas tambem belgas, suiços, ingleses e franceses. Entre estes o próprio Xavier de Mongolfier, descendente dos irmãos Mongolfier que há mais de 200 anos inventaram e construiram o primeiro balão de ar quente.

A competição consistiu de várias partidas, 5 durante os três dias, e de várias provas escolhidas de entre 9 possiveis. A organização decide, pouco antes da cada partida e em função do que as condições atmosféricas permitirem, qual a prova a realizar. A mais conhecida é a “caça à raposa” em que os concorrentes têm que perseguir um ‘balão raposa’. Este levanta primeiro que os outros e percorre cerca de 30 quilómetros até aterrar nas margens do Reno ou nos arredores de Estugarda. As luzes verdes dão o sinal de partida aos concorrentes, embora a ordem desta e o tempo do percurso não interessem. O objectivo é a aterragem o mais próximo possivel do ‘balão raposa’, que pelo caminho pode tentar despistar os perseguidores fazendo descidas atrás de montes e florestas. A vitória será então medida ao centimetro.

Outras provas obrigatórias são: “Fly in” e “Qual der Wahl” (escolha tormentosa). Na primeira, a mais espetacular para a assistência, os concorrentes procuram o seu próprio local de partida fora de um raio de oito quilómetros do alvo e ao sobrevoar este lançam um peso com uma fita colorida para uma cruz marcada no solo. A segunda consiste em defenir, durante o vôo, um de seis pontos possiveis de aterragem (dados à partida por coordenadas) e pousar o balão exactamente nesse ponto. É claro que em qualquer uma destas provas os pilotos passam por vezes a centenas de metros dos alvos pois os balões não têm leme sendo a sua direcção dada apenas pelo aproveitamento das várias correntes térmicas a diferentes altitudes.

Entre as provas-espectáculo que animam o recinto da competição constam a iluminação dos balões à noite. Imagine-se o efeito produzido por quarenta balões insuflados, com cerca de 30 metros de altura, iluminados por chamas de 2 metros no escuro da noite; a ‘apanha da chave’ que consiste em sobrevoar e tentar apanhar um anel colocado no alto de uma estaca a oito metros do solo. Entre as atracções contam-se tambem os saltos de pára-quedas, ‘tandem’ e parapente, ou a possibilidade de subir nos balões dos próprios concorrentes que, claro está, se ‘oferecem’ para dar boleias, cobrando a módica quantia de 25.000$00 por passageiro.

Balões de ar quente

- Inventado em 1783 pelos irmãos Mongolfier, o primeiro vôo fez a ligação Paris-Tulherias; como passageiros foram uma cabra, um galo e um pato.

- O balão consiste de tecido de nylon impregnado de uma substancia impermeável ao vento, mede cerca de 30 metros de altura e tem um volume médio 3000m3.

- O cesto de verga de salgueiro é muito estável mas suficientemente móvel para permitir o equilibrio nas descolagens e aterragens, e pode transportar 4 a 6 pessoas.

- Funciona segundo o principio de que o ar quente ascende por ser mais leve, podendo subir até 8000 metros de altitude.

- Custo: cerca de 10.000$00.

A cidade de Pforzheim

Pforzheim que recebe esta competição de dois em dois anos situa-se entre as cidades de Estugarda e Karlsruhe, a norte da Floresta Negra, sendo mesmo designada como a ‘porta de entrada’ ou a ‘cabeça’ desta. Os documentos da sua constituição como cidade estado de direito datam de 1195 mas vestigios da sua existência como colónia portuária romana remontam ao século 90 (d.C.). Devastada em 80% na segunda grande guerra , por um bombardeamento que durou apenas 22 minutos, a 23 de Fevereiro de 1945, renasce como uma cidade moderna, centro da industria de ouriversaria, joalharia e relojoaria de toda a Alemanha. Aqui se desenvolveram toda uma série de estruturas de apoio a esta industria: escolas de ‘design’ de joias, museus de joalharia (com mais de mil peças reunidas desde há 4 séculos) e de relojoaria, museu técnico de joalharia, museu dos minerais, centros de investigação e de exposições, coexistem com numerosas fábricas, algumas das quais têm vindo a fechar por falência com alguma frequência nos ultimos anos. Hoje a população da cidade é caracterizada sobretudo por um grande numero de idosos, por quase 20% de estrangeiros, emigrantes de Leste e Sul da Europa que constituíram em tempos a grande fonte de mão-de-obra das fábricas da região, e por estudantes da renomada Faculdade de gestão, vindos de toda a Alemanha e de universidades europeias (incluindo uma portuguesa).

Guia do visitante

Localização: a 45 Km do aeroporto de Estugarda pela auto-estrada A8 na direcção Karlsruhe

Pontos de interesse:

- O ‘monte dos destroços’, onde foram acumulados todos os destroços dos bombardeamentos de 1945 em memória da guerra. O monte divide o norte da cidade da zona industrial e do cimo deste tem-se uma imponente vista sobre toda a cidade e ‘entrada’ da Floresta Negra.

- Os museus de joalharia e relojoaria e as igrejas do centro histórico.

- As curiosas estátuas modernistas no centro e os jardins onde o rio Nagold se junta ao Enz

- A sul da cidade o “Wildpark”, parque selvagem que reune espécies interessantes e algo raras do norte da Europa (bizontes, águias, alces...), e o ponto de partida dos 3 grandes caminhos pedestres e para biciclete de montanha que atravessam a Floresta Negra, dos quais o mais longo liga Pforzheim a Basileia (Suíça), atravessando toda a floresta de norte a sul por 280 quilómetros.

Informações:

- Turismo de Pforzheim - Tel.: 07231-302314

Texto e Fotos: José Tavares

Alemanha

Floresta Negra - o berço do rio Danúbio

Bem no coração da Floresta Negra fica a nascente de um dos maiores rios da Europa. Brota da terra como um pequeno fio e ganha um enorme caudal até desaguar no Mar Negro, após percorrer dois mil e muitos quilómetros. No seu trajecto para Este-Sudeste passa em Viena, Budapeste e Belgrado e faz ainda de fronteira entre República Eslovaca e Hungria e entre Roménia e Bulgária. A origem 'oficial' deste colossal canal de navegação está assinalada no castelo de Donau-Eschingen (65 km a Este de Freiburg), num poço/monumento de água transparente, para onde alguns atiram moedas e fazem desejos. A verdadeira origem do Danúbio, no entanto, é considerada a mesma do rio Breg, o seu maior afluente, e situa-se num belo e verdejante prado do interior da Floresta Negra, perto de Katzensteig. Ali, uma placa explicativa define todas as distancias.

Num raio de 40 km em redor desta nascente escondida num cantinho bucólico da 'Schwarzwald', há aínda muito mais para ver. A sul, o lago Titi (Titisee), maravilhosa estancia turistica que atrai muitos visitantes para relaxantes passeios de barco, ou o ponto mais alto da Floresta Negra, Feldberg, a quase 1.500 metros, em redor do qual se realizou o campeonato do mundo de bicicleta de montanha. A oeste, a bonita, rodeada de floresta verde, cidade de Freiburg. A norte, em Triberg, a maior castata da Alemanha com cerca de 160 metros, numa série de 7 quedas de água e em Schonach, o maior relógio de cuco do mundo. Os relógios de cuco são, aliás, o souvenir mais popular da floresta negra, e a sua industria tem grande expressão nesta zona.

Por toda a floresta, nas pequenas aldeias, as casas rurais tipicas com enormes telhados inclinados e muitas flores nas janelas (um bom exemplo encontra-se no vale de Gutach), algumas das quais produzem queijos ou destilam a famosa aguardente de cereja (Kirchwasser) e os seus habitantes com trajes tipicos.

Informações: (Verkehrsamt) Kirchzarten, Tel.: 07661/3939

José Tavares

Descida do rio Sella nas ASTURIAS

No principado das Asturias, no norte de Espanha, tem lugar anualmente a descida internacional do rio Sella. Um encontro único e talvez a maior concentração de canoas e kayaks de que há registo em toda a Europa. Foi isso que descobriu o Clube Expedição no seu raid Minho-Galiza-Asturias.

Numa provincia verdejante do norte de Espanha, diferente de qualquer outra zona deste país, fazendo lembrar uma “pequena Suiça”, acontece em Agosto de todos os anos uma competição de kayaks única. A participação nesta corrida louca foi a principal motivação do Clube Expedição e do seu Grupo de Caminheiros da “Bolha” para o raid no Minho e norte de Espanha. Alem deste atractivo havia tambem uma passagem pelo rio Minho para a concentração de kayaks em Arbo, a passagem pelos Picos da Europa para caminhadas em magnificas paisagens e o percurso de alguns dos caminhos de Santiago de Compustela entre as provincias de Castilla-Leon e Galiza.

Entre alguns amigos presentes em partes da viagem, participaram no raid completo o Amadeu Garcia e o Zé Diogo. A viagem começou com a deslolação Lisboa-Minho e a estadia de 3 dias em Arbo a saborear os rápidos das águas do rio Minho - nos dias 29 e 30 de Julho a descida na companhia de muitas caras conhecidos, no dia 1 de Agosto o gozo da onda … Seguiu-se a viagem para Arriondas, nas Asturias, para a tão famosa e esperada descida do rio Sella, marcada para o dia 5. Convinha chegar uns dias antes para arranjar lugar e “apalpar” o terreno. Afinal, a antecedência acabou por dar tempo para uma deslocação a Cangas de Onis - antiga capital de Espanha -, Covadonga - santuário da montanha - e para um primeiro percurso nos Picos da Europa – a rota do Cares.

Ainda por caminhos das Asturias, antes de chegar a Arriondas, ficaram registadas as passagens por Luarca* – a primeira vila das Asturias na costa norte para quem vem da Galiza -, uma simpática vila piscatória que oferece variados temas de interesse para fotografar, por Ribadesella* – foz do rio Sella, junto à praia, e local de terminus da prova de kayak -, e, por todo o lado, os Horreos* – armazens para colheitas agricolas do tipo dos espigueiros do Minho.

Em Ribadesella o Amadeu e o Zé provaram pela primira vez a não menos conhecida Sidra* (em Luarca esta custava muito mais caro), assim como provaram a água do mar (nada fria) com umas boas braçadas. Em Arriondas decidiram fazer a descida do rio Sella o mais breve possivel (logo na 3ª feira) deixando a confusão do dia da prova para assistir e tirar fotografias. O Amadeu fez o percurso de turismo, 14 km até às pontes, e o Zé continuou até à praia de Ribadesella, mais 4 km. Constataram a beleza do rio embora tivessem a expectativa de enfrentar alguns rápidos, o que não se verificou. O tempo estava traiçoeiro – a chuva, embora fraca, caía com frequência.

Na vespera da competição notava-se a afluência de pessoas em relação a apenas de novo os expedicionários provaram a Sidra e outras especialidades da gastronomia asturiana como os mexillones tigres (mexilhões com puré garatinado). No dia da prova o sol sorriu forte.

Texto e Fotografia

José Tavares

Itália

As riquezas de Vale Solda

Ficou famoso com o livro "Piccolo mondo antico" de Antonio Fogazzaro e reune testemunhos da passagem de povos antigos e obras dos grandes mestres 'comacini' perpétuadas nas mais belas igrejas e capelas. Vale Solda, um enclave de grande riqueza histórica, artistica e paisagistica faz parte dos Alpes Leopontinos (na Lombardia), bordejando o lago de Lugano, junto da fronteira com o cantão suiço de Ticino.

Goza do charme dos lagos, com a sua atmosfera de passado e magnificiência das vilas dos séculos XVIII e XIX, no entanto aqui o contraste com a oferta de infra-estruturas, viradas para o turismo de luxo, de outros vales sobranceiros ao lago, é marcante. No Vale Solda, sobretudo rural, vive-se ainda, bem à medida do homem, a atmosfera calma e intacta dos bosques e margens dos lagos, verdadeiros paraisos naturais encrostados nos Alpes. Cada pedaço de terra conta episódios fascinantes de actividades quotidianas praticadas durante séculos. Respira-se história e esta está intimamente ligada à vida diocesana e ficou marcada pela passagem de grandes nomes de familias de artistas do Renascimento como os Della Porta, os Sammicheli, os Pagani e acima de tudo os Tibaldi ...

Delimitado a sul pelo lago Ceresio (ou de Lugano) e a norte pelos picos montanhosos que fazem fronteira com a Suiça, com altitudes entre os 1400 e os 1800 metros, Valsolda tem uma paisagem diversificada que varia do doce das oliveiras ao longo do lago aos picos escarpados e aos bosques e prados onde se encontram as aldeias de Castello, Loggio, Drano ou Puria entre outras. Mantendo uma localização isolada, estas preservam monumentos de grande valor histórico e cultural encaixados harmoniosamente numa paisagem de grande impacto.

Por isso este vale é também local de inicio ou de passagem para caminhadas de longo curso, do quais a "via dos montes larianos", de 130 km, é comparável aos mais famosos trekkings de terras distantes.

- Azienda di Promozione Turistica del Comasco (posto de turismo) - Como: Tel.: 031-274064

José Tavares